Olá pessoas!
Finalmente me sobrou um tempinho pra falar sobre a minha
última leitura. Ok! Devo confessar que ter passado o filme Em busca da terra do
nunca no último final de semana, me ajudou a lembrar.
Assim, voltando ao livro Peter Pan: Edição Definitiva, Comentada e Ilustrada
da Jorge Zahar, que eu deveria ter lido aos 12 anos de idade, pra quem sabe,
talvez eu não ficasse tão P. da vida com ele. Apesar de achar que minha opinião
não seria muito diferente da atual, visto que sou justiceira desde que nasci, entretanto,
era mais controlada naquela época.
Não quero perder tempo fazendo uma breve sinopse do livro, afinal acredito
que todos devem saber do que se trata a história, Disney fez questão de nos
contar anos atrás, por isso vou me atentar aos aspectos sociais da obra.
Quero começar com o artifício utilizado por Peter Pan, para convencer
Wendy a ir com ele pra Terra do Nunca:
“Os garotos perdidos e eu precisamos de uma mãe, venha Wendy e seja a
nossa mãe.”
E foi com essa conversa fiada que Wendy resolveu partir pra Terra do
Nunca, que bela proposta hein pessoas? No livro não fica explicita a idade de
Wendy, mas imagino que ela devia ter entre 10 e 12 anos. E já nessa idade
sonhava em ser a mãe de alguém?!
Vamos que não para por aí. Quando ela chega à Terra do Nunca o que você
acha que Wendy faz? Vive muitas aventuras? Claro que não meu povo, ela passa os
seus dias costurando, contando histórias e colocando os garotos pra dormir.
Mesmo que estejam numa Terra Encantada cheia de lugares incríveis, onde os garotos
estão sempre desbravando o desconhecido. Nossa menininha Wendy continua
interpretando o papel de mãe.
Em minha opinião isso é um grande desperdício de oportunidade.
Cá entre nós, a menina tem a chance de conhecer um lugar onde tudo é
possível. E Pasmem! Chegando lá ela faz justamente aquilo que será certeza, o mesmo
que estava sendo criada pra fazer, se tornar a mulher/mãe de alguém. Porque no
fundo do coração de Wendy ela gostaria que Peter fosse o seu marido. Coisa que
o menino não queria de jeito nenhum, afinal ele queria ser criança Forever and
Ever.
Francamente, óbvio que o livro foi escrito por um homem, talvez se ele
tivesse sido escrito por uma mulher, a menina Wendy teria aproveitado um
pouquinho aquela terra de faz de conta, onde ela decidiu fingir ser adulta, o
que lhe esperava no final dessa fantástica aventura que é o crescer.
Assim, vamos esquecer um pouquinho Wendy, e comentar sobre o personagem
titulo Peter. Que em várias passagens da história era descrito como o menino
com dentes de leite, isso nos leva a acreditar que Peter era uma criança entre
os 5 a 6 anos de idade, afinal ele ainda não havia trocado nenhum dente. Sendo
ele também um garotinho bem ingrato, pois se esquecia com facilidade das coisas
e pessoas, porque a cada nova aventura ele deletava a anterior. Em uma das
passagens do livro o autor descreve as crianças como seres desalmados, uma
referência a um típico de comportamento infantil, onde as crianças não tem a
real noção, dos sacrifícios que os adultos fazem por elas. Principalmente
Peter.
Ademais, gostei do livro, mesmo com esses probleminhas de ideologia e
sociais. A narrativa de James M. Barrie é fofa e encantadora, ele descreve os
personagens e os ambientes como se estivesse contando a história pra uma
criancinha bem pequena. Sua prosa é simples e doce. Ocorre que uma das minhas
caracterizações favoritas no livro é a do Capitão Gancho, durante muito tempo
eu tive uma visão deturpada do Gancho graças ao filme da Disney. No livro o
capitão é um homem belo e que gosta de boas maneiras, sendo esse o motivo pelo
qual ele detesta Peter Pan, que na sua concepção é uma criança muito mal educada,
na verdade todos os garotos perdidos são bem mal educados.
Ilustrações de F. D. Bedford |
Fiquei passada com a
personagem Sininho, que eu acreditava ser uma fadinha meiga e encantadora, só
que ela é uma bicha má, uma criatura virada no recalque, que detestava toda a
atenção dispensada por Peter a Wendy. Uma fadinha brilhante que era capaz de
fazer qualquer coisa para afastar Wendy de Peter, até manipular os garotos
perdidos para que eles tentassem matar Wendy. Mais uma vez a Disney açucarou um
clássico da literatura. Devo confessar que fiquei feliz com o final que Barrie
dá a Sininho no livro.
Esse livro lembrou-me
outro clássico da literatura infantil, as Crônicas de Nárnia, porque haja
sangue e cenas de criancinhas lutando, devo admitir que não gosto de cenas em
que crianças travam batalhas com gente adulta.
Além de não curtir
muito as cenas de batalhas, outra coisa que me incomodou no livro foi que o
autor antecipou o final do livro, ele tranquiliza o leitor logo no inicio,
dizendo que no final vai acabar tudo bem, o que acaba com a expectativa da
leitura. A gente já meio que espera por um “e... viveram felizes para sempre,
mas é bom ter a esperança de ser surpreendido no final.
O certo é que o final
de Peter Pan me decepcionou um pouco, porque ele terminou comum, como a vida de
uma pessoa no inicio do século XX, sem muitas novidades. Á medida que nenhum
dos garotos perdidos ou Wendy mudaram o seu futuro após a inacreditável
experiência.
Mesmo assim o livro é
uma ótima leitura.
No link abaixo tem um trecho do livro.
http://www.zahar.com.br/sites/default/files/arquivos//t1506.pdf
Verificado em 15 de agosto de 2014.
ABOUT THE AUTHOR
Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.
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