Bem já estava praticamente no final do segundo tempo quando eu finalmente consegui assistir ao filme Divertida Mente, por estar pra sair de cartaz havia poucas salas disponíveis onde o filme estava sendo exibido, assim eu consegui ver o filme no Cinépolis de Alphaville dentro de uma sala minúscula, na qual a tela ficava muito baixa o que me deixou um tanto frustrada, puxa Cinépolis que mancada.
Pois bem, em Divertida Mente temos os sentimentos da garotinha Riley que nos são apresentados desde o seu nascimento, o primeiro sentimento que surge na menininha é a Alegria - que devido ao processo traumático do parto eu duvido muito que seja o primeiro a sentimento a surgir em qualquer pessoa - quem consegue ficar feliz ao sair de um lugar quentinho e escuro e ver o mundo brilhante pela primeira vez? Só a Pixar né gente. Continuando, o segundo sentimento que surge é a Tristeza e logo de cara a Alegria diz que não entende muito o que ela faz, então os outros sentimentos vão surgindo conforme a menininha cresce e claro o predominante ou chefe da tribo é a Alegria, afinal ela é um menininha feliz como toda menininha deveria ser, mas sabemos que não é bem desse jeito.
Entretanto, devido a uma mudança onde Riley e sua família foram viver em outro estado é que as coisas começam a se transformar na doce vida da garotinha, o que a faz experimentar os outros sentimentos mais intensamente, assim vemos a importância da Alegria ser questionada, até mesmo desafiada. Nesta parte da história a Pixar dá um show de psicologia abordando temas complexos de uma forma bem simples, como deu pra perceber se você não estiver muito atento vai deixar essas verdadeiras pérolas da psicologia passarem despercebidas.
Então vamos para os principais conceitos que eu consegui encontrar no filme, começando com Piaget e a mecânica da assimilação e acomodação, com a mudança Riley mergulha em novas experiências e precisa se adaptar a todas elas, como uma nova cidade, bairro, escola, amigos. Tudo isso balança as suas estruturas e varias coisas já fixadas são destruídas pra dar lugar a coisas novas.
Logo a animação Divertida Mente da Pixar foi concebida usando como base a teoria de Piaget conhecida como adaptação, onde o individuo organiza os estímulos e informações recebidas a todo instante através de duas operações a assimilação e a acomodação. O desenho usa uma parte da teoria que se chama esquema, o que seria:
“O funcionamento é mais ou menos o seguinte, uma criança apresenta um certo número de esquemas, que grosseiramente poderíamos compará-los como fichas de um arquivo. Diante de um estímulo, essa criança tenta "encaixar" o estímulo em um esquema disponível. Vemos então, que os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns.” Malcon Tafner
Peguei a essa explicação de um site por preguiça mesmo de tentar explicar, ocorre que no filme eles chamaram esses esquemas de ilhas, são nessas ilhas que garotinha Riley tenta encaixar cada nova situação que aparece em sua vida, entretanto as mudanças geram um desiquilíbrio tamanho nos seus esquemas, que ela precisa se readaptar e criar novos esquemas mais condizentes com o seu atual momento de vida, como resultado as suas ilhas vão sendo destruídas uma a uma. Em resumo, a gente faz isso o tempo inteiro meus caros colegas, sabe aquela sensação horrível que sentimos toda vez que nossa vida está de boa e algo acontece e não sabemos o que fazer, porque ainda não havíamos passado por tal situação e temos que nos adaptar ao novo desafio. Ou seja, é isso que o filme narra o tempo inteiro, mas com aquele jeitinho Disney de ser, no qual eles colocam um personagem colorido que fica o tempo todo dizendo que vai dar tudo certo, papel da nossa querida Alegria.
Falando um pouquinho dos personagens, devo admitir que na metade do filme já estava detestando a Alegria, nossa como ela chega a ser irritante em alguns momentos, o mundo está desabando – literalmente – e ela ali dizendo que vai ficar tudo bem e vai dar tudo certo, tão livro de autoajuda. Coragem! Assim da metade para o final eu já estava torcendo pelo time tristeza, que era a pessoa mais pé no chão do elenco de sentimentos. Portanto, ao chegar aos minutos finais do desenho a gente se dá conta da importância dela e o porquê ela e a Alegria são metades da mesma moeda. Ops! Eu não deveria ter escrito isso, mas já foi e não vou deletar.
Até o elenco de Globais dublando os personagens me surpreendeu neste filme, nada que lembrasse a desastrosa dublagem de Enrolados e Robôs, acredito que esse povo anda fazendo umas aulinhas de dublagem o que tem ajudado bastante. Claro que o meu sentimento favorito é a Raiva, alguém que é tão impulsivo quanto eu, também gostei da personagem Nojinho nem deu pra perceber que era a Dani Calabresa, aliás, não conheço a Dani ao ponto de perceber que era ela dublando vi isso na internet. #confesso
Apesar de eu ter demorado um bocado pra finalmente assistir o filme Divertida Mente, essa não foi à única coisa que eu demorei em fazer, também levei uns dois dias pra perceber - até o momento não entendo o porquê não me dei conta disso antes - o fato é que a personagem Alegria é a única que não é monocromática, pois bem, isso estava bem ali na minha cara e eu deixei passar, mas afinal o porquê de tudo isso? Porque na Alegria tem um pouco de tristeza, gente era só pensar um pouquinho, no desenrolar da narrativa também são lançadas algumas pistas sobre, confesso eu demorei pra consegui montar o quebra-cabeça, apesar de o arremate estar justo no final do filme, sendo a cereja do bolo.
Bem não vou comentar as cenas onde você pode encontrar as teorias de Piaget pra não atrapalhar a diversão de ninguém, mesmo que meus dedinhos estejam coçando de vontade de digitar isso, quem sabe daqui a algum tempo eu faça isso. Só posso dizer que vale muito a pena você perder 2 horas de sua vida assistindo Divertida Mente, pois mais uma vez a Disney Pixar arrasou em conteúdo dentro de uma animação que parece bobinha, mas não é.
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Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.
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