Forte não é sinônimo de não ser humano


Um dia quando eu ainda era criança e não tinha nada melhor para fazer eu resolvi brincar com uma colmeia de maribondos, subi em cima do murinho que ficava na entrada da varanda e com o meu chinelinho vermelho eu dei um tapa na casa de marimbondo, queria que aqueles bichos que voavam em volta do poste de energia fossem embora porque faziam um barulho que me incomodava muito. Acontece que assim que atingi a casa com o meu chinelinho os marimbondos vinheram todos pra cima de mim, aquele barulho horrível agora estava sobre a minha cabeça, assim eu chamei a única pessoa que sabia que iria me ajudar: Pai eu gritei. Ao que ele veio correndo ao meu encontro me pegou no colo e me levou para dentro de casa, mesmo com os marimbondos ainda voando sobre a minha cabeça.
Infelizmente eu não tenho mais o meu pai para me ajudar e ficar sem ele me fez perceber que só poderia contar comigo mesma, que não teria ninguém para me ajudar, eu estava por minha conta, mesmo que minha mãe tentasse fazer tudo o que estava ao seu alcance, porém, ela não tinha tempo o suficiente para me ajudar em tudo. Logo cedo eu precisei me virar sozinha e com isso eu me tornei uma pessoa casca grossa, daquelas que enfrenta a quase tudo de frente, e com o tempo eu me tornei uma pessoa sem tempo para mimimis, se me incomodo eu falo que não gostei e pronto, também não fico escolhendo a melhor maneira de me expressar porque tenho preguiça de tentar ser suave, sou praticamente um ogro.
Mas acreditem mesmo os ogros tem o seu momento de fraqueza, vamos nos lembrar de nosso ogro mais famoso o Shrek. Por isso eu fiquei Puta da vida quando me dei conta de que só porque as pessoas acham que eu sou forte eu não sofro. What? Tu ta de brincation uit me? O sofrimento é pra todos viu pessoas? Mas o que distingue é como você encara as coisas. Sendo assim, eu poderia ficar chorando e lamentando o quanto eu sou uma pessoa sofrida. Como as coisas nunca dão certo só pra mim porque o destino me detesta. Que eu não tenho forças pra lutar e ainda ficar fazendo beicinho nas minhas selfies no facebook, aliás, se tem uma coisa que as pessoas adeptas do coitadismo gostam e de se lamuriar no facebook, vejam só um dos principais motivos pra eu não ter um. Hahahahahahahaha
Ocorre que depois de anos eu finalmente entendi qual era a da Olivia Palito, porque quando aquela magricela começava a gritar “Popeye socorro Popeye” me dava até coceira, como uma criatura feia e magra daquele jeito tinha dois homens lutando diariamente por ela, afinal o por quê essa criatura não conseguia se livrar sozinha do Brutos? Se na verdade era ela quem o provocava desfilando na frente dele? Porque era justamente isso o que ela queria “atenção”, então ela fazia a donzela em perigo pra poder ser salva pelo Popeye, mas sem perder os paparicos de Brutus, que eu não entendo o porquê ele morria de amores por essa gostosura toda. Assim nossa querida Olivia é o exemplo clássico da mulherzinha adepta do coitadismo, ela se jogava na frente do Brutus pra que ele possa sequestra-la, e ficava gritando para que o Popeye venha salvá-la, já que a coitada não conseguia se livrar sozinha, visto que é tão frágil e pobrezinha.
Bem, todo coitadinho sabe que as pessoas tendem a ser solidarias com os mais necessitados, por isso os nossos coitadinhos passam a vida declarando o seu infortúnio pra chamar a atenção e receber apoio sem ter que se virar sozinho, é a lei do mínimo esforço. Em contra partida as pessoas tendem a achar que as cascas grossas não precisam de ajuda, pois podem se virar sozinhos. Que isso cara você é batalhador vai conseguir sair dessa sem precisar de ajuda! Como assim só por quê alguém é forte vai conseguir se virar sozinho? Acontece que na maioria das vezes algumas pessoas precisam se virar sozinhas porque vocês estão tão ocupados com o povinho do só acontece comigo que não tem tempo pra ajudar mais ninguém. Digamos que existem pessoas que não fortes porque elas precisam ser. Ou vocês não acham que seria bem mais fácil ficar chorando pelos cantos e esperando alguém resolver o seu problema hein? Só sendo muito bobo pra não perceber isso.
Então eu fiquei virada no Lampião durante o final de semana inteirinho, como as pessoas podem desprezar o meu sofrimento só porque eu tento não falar sobre ele? Não passo dias a fio contando todos os problemas que tive, tenho e terei. Nem fazendo a Olivia Palito a espera de um Dwayne Johnson para me salvar. Ah tá! Vocês acharam mesmo que eu iria esperar pelo Popeye?!
Só que não podemos nos esquecer de uma coisa todas as pessoas, não importa quem nem quando precisam de ajuda algum dia. Todas as pessoas sem exceção um dia se sente triste e abandonado, mesmo morando numa casa cheia de gente, que no geral passa o dia lamentando a própria sorte e morrendo de preguiça de mudar a própria realidade. Enquanto uns preferem ficar se lamentando outros levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima na adversidade da vida. E correm, lutam e se quebram tentando mudar o próprio destino, e sim essa pessoa que você considera uma rocha também chora, só que ela não chora na sua frente pra não te deixar preocupado ou simplesmente porque detestam fazer a vitima do destino.
Muitas vezes a pessoa não quer ser consolada ela só que ouvir um “eu te entendo”, e quer ser tratada como um ser que pode ficar triste a qualquer momento, ela não tem obrigação de ser forte a vida inteira para não dar trabalho pra quem carrega um monte de coitados nas costas. 
Cá entre nós desprezar o sofrimento alheio é algo bem egoísta de se fazer, e muitas vezes até cruel, esse negócio de eu sofro mais do que você é ridículo. Vamos nos respeitar, por favor.
Sei que você deve estar se perguntando o porquê essa menina foi brincar com a casa de marimbondo? Bem, desde cedo eu gosto de ter e viver fortes emoções, além do mais também sou forte não se esqueçam, forte o suficiente para sobreviver à dor.

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ABOUT THE AUTHOR

Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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