Quando a gente temos algumas manias, ou como alguns gostam de dizer
“coisas de crianças”, são pequenos comportamentos infantis
típicos. Bem quando eu era pequeninnha tinha o costume de guardar
doces para comer depois. Geralmente isso acontecia naquele momento em
que eu tinha acabado de colocar um pacote inteiro de mini chicletes
na boca, então a minha mãe me chamava pra almoçar. Justo no
instante em que estava saboreava o meu chiclete e, fazia bolas
enormes com ele, daquelas que a gente cobria o rosto inteiro.
Ocorre que, assim que ela me chamava para almoçar o que a gente
fazia? Colocava o meu chiclete na geladeira, para poder mastigar ele
mais tarde. Algumas vezes eu me esquecia ele dentro da geladeira, e a
minha mãe jogava ele fora depois de um tempo, porque eu era esperta
e não colocava em qualquer lugar, ele ficava escondido atrás dos
ovos. Só que eu me esquecia dele.
Mas no geral eu mal acabava de almoçar e já corria até a geladeira
para pegar o meu chiclete e voltar a mastigá-lo. Claro que chiclete
estava congelado, mas, isso dava um sabor diferente a ele.
Ao que eu voltava a mastigar até o meu maxilar ficar doendo. A
propósito em alguns casos eu guardava o chiclete novamente na
geladeira, hoje só de lembrar sinto náuseas. Entretanto o destino
final do chiclete era a lata do lixo.
Já na minha vida adulta eu descobri que algumas pessoas se comportam
da dessa mesma maneira, só que não é com chicletes que elas
guardam na geladeira pra depois, e sim com o coração de outras
pessoas.
Daí que primeiro elas escolhem o coração pela embalagem, outros
pelo sabor, ou porque fazem uma bola maior, porque possuem recheio.
Então essas pessoas começam a saborear o seu chiclete, só que no
meio do caminho elas encontram outro chiclete, e se sentem atraídas
pela embalagem. Será que esse outro chiclete é mais interessante?
Que sabor ele tem?
Porém com medo de perder a explosão de sabor do primeiro chiclete,
e a sensação que ele havia causado e ainda causa, essa pessoas
guardam o atual chiclete na geladeira, e deixam ele lá bem
escondidinho, atrás do ovos, ou quem sabe dentro da gaveta de
legumes.
Afinal quem sabe mais tarde volte a se interessar por ele novamente,
ou talvez depois de um tempo a própria vida vai descartar esse
chiclete. Porque o sabor da nova goma é mais intenso e divertido.
Acho que pessoas assim não conseguem se entregar ao talvez, viver o
quem sabe, abandonar o e se. Vivem criando alternativas para não
sofrer, se você não me quiser tenho alguém me esperando, que fica
ali esperando, porque o seu coração ainda não se entregou ao
desapego.
Todavia esse tipo de pessoa não pensam na dor da pessoa/chiclete que
deixou na geladeira, que permanece ali esperando pela oportunidade de
novamente espalhar o seu sabor. A pessoa guarda fica com o coração
apertadinho e gelado, vindo aquela angustia de jogador de futebol
sentando no banco de reservas. Será que eu não fui boa o
suficiente? E fica achando que precisa de um upgrade, para ajudar a
melhorar a embalagem. Quando na realidade o que o chiclete congelado
precisa continuar caminhando, e abandonar a geladeira.
O fato é que muitas vezes se é bom até demais, mas tem gente que
não sabe enxergar isso. Vivem eternamente na procura da novidade,
experimentando e trocando.
São pessoas sem coragem, que temem o erro, e assim fazem os outros
ficarem esperando por ela,. Simplesmente porque ela não sabe
conseguem se decidir, [preferem permanecer em cima do muro, ou estão
acostumada a deixar decidam por elas.
Quiça, não querem ficar só e, por isso deixam outra pessoa de
stand by, afinal se a nova empreitada não der certo é possível
recorrer ao que já se conhece, mesmo que isso já não cause mais
arrepios. Ui!
Enfim viver é estar pronto pra experimentar sempre, descobrir novos
aromas e sabores, é também não ter medo de errar, vamos continuar
apostando. Só que isso não é desculpa pra tratar os outros como,
roupa que não serve mais e não temos coragem de doar, ou como o
aquele chiclete guardado na geladeira. Em suma o respeito é parte de
ser um ser social. Sobretudo porque de descaso já basta o do
Governo.
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Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.
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