Impressões sobre - A Playlist de Hayden


Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola – o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente.
Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava.
Essa é uma breve sinopse do livro A Playlist de Hayden que você encontra logo no inicio do mesmo. Um livro que foi escrito por Michelle Falkoff escritora formada pelo Iowa Writer's Workshop, vamos deixar essa informação guardada para retomar ela depois. Isso é algo importante dentro da nova leva de escritores e livros vindos da terra do Tio Sam.
Assim A Playlist de Hayden é um livro um tanto sombrio, ele começa quando Sam encontra o seu amigo Hayden morto em seu quarto, ao que seu amigo deixou para Sam um pen drive com uma seleção de músicas, que foram especialmente separadas para que ele tentasse entender e descobrir o porquê dele ter tirado a própria vida.
O livro tem como tema o bullying, sendo esse o motivo que teria levado Hayden a acabar com sua existência, algo que só vamos descobrir ser verdadeiro quando Sam conseguir interpretar a mensagem deixada por ele através da playlist. Mas nesse livro vi um tipo de bullying que não foi muito explorado por outros livros e até filme, o bullynig dento da família. Claro que a gente sabe que esse tipo de bullying existe, mas muitas vezes ignoramos essa realidade. Dado que no livro a pessoa que mais atormenta a vida de Hayden é o seu irmão, aqui você não vai encontrar a figura do irmão mais velho que defende o irmãozinho dos inimigos. Ryan o irmão de Hayden é mais cruel que o Rodrick da série o Diário de um Banana. Ele é a encarnação perfeita da frase “quem tem uma família dessa, não precisa de inimigos”.

  
O pai de Hayden também não tratava o garoto muito bem, tudo porque ele não era o filho que ele sonhava ter. Hayden não era um atleta de sucesso como o irmão Ryan, era gordo e baixinho, e ainda para piorar sofria de dislexia. O que o seu pai considerava uma vergonha para a família que era rica e importante, apesar dele não ser lá um bom pai também. Já a mãe de Hayden só se preocupava com a aparência do garoto, e controlava tudo o que ele comia. Mais um tipo de bullying muito comum dentro do ambiente familiar.
Durante os dias que passou escutando a playlist de Hayden, Sam descobriu que ele conhecia uma garota, a qual ele nunca havia ouvido falar. E aí ele descobre que não conhecia o seu amigo tão bem quanto acreditava. Uma vez que Hayden era seu único amigo, e Sam o único amigo de Hayden, era o que ele achava até encontrar Astrid. Uma garota que assim como ele e Hayden curtia coisas do universo geek, mas não se parecia em nada com eles, o que só aumentou o interesse de Sam em sua figura.
A propósito, os títulos dos capítulos são as musicas da playlist, sendo que cada música trás até Sam as lembranças, de situações que ocorrerem na vida de Hayden que foram presenciados por ele, daí que essas músicas acabaram se tornando a trilha sonora do livro, cada uma carrega mensagens que fazem uma ponte entre o que aconteceu com Hayden, sua decisão de tirar a própria vida, e a sua personalidade. O que ele achava do mundo, como ele o sentia e era tratado por todos. Todas as músicas que ouvi da playlist são muito depressivas, na sua grande maioria são canções que falam de desaparecer, ser invisível, ser torturado pelo mundo. Acredito até que essas músicas interferiram no meu humor durante o final de semana, assim que acabar com essa resenha vou me jogar no Rebolation só pra acabar com a uruca. Não pretendo trazer essa vibe bad para dentro de minha vida.
Sobre a narrativa, ainda não consegui me acostumar com esse novo modo de escrever dos autores modernos, fico decepcionada com o pouco de descrição que você encontra nesses livros, algo que já havia reclamado quando li A mais pura verdade, bem não estou comparando a qualidade do texto de Michelle com a de Dan, aliás Michelle se saiu bem melhor que ele. Entretanto esse jeito econômico de descrever personagens e cenários me incomoda muito. Michelle só diz que Sam era alto e magro, e Hayden baixinho e gordo, as características da personalidade dos dois a gente vai supondo através dos acontecimentos narrados no livro. Não estou pedindo a volta da escola do romantismo, tenho pesadelos até hoje com o livro o Guarani, pois o detalhamento de Ceci no inicio do livro chega a ser desesperador.

“No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, que estremecendo deixava cair algumas de suas flores miúdas e perfumadas.
Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas.
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite; o hálito doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez alva e pura como um froco de algodão, tingia-se nas faces de uns longes cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de linhas suaves e delicadas.” O Guarani


Mas acredito que essa nova safra de escritores americanos sejam demasiado econômicos. Essa discussão já foi levantada algum tempo por críticos dessas escolas para formação de escritores, ao que os EUA é um dos países onde existem os mais importantes mestrados de criação literária, sendo que o Iowa Writer's Workshop, falei que retomaríamos esse assunto, seja um dos mas celebrados desse tipo de pós-graduação. Donald Hall é um desses críticos que acredita na massificação da literatura. Comecei a me dar conta disso depois que li A culpa é das estrelas, a estrutura narrativa de ambos os livros é parecido, não sei explicar muito bem isso, só lendo mesmo para você entender. Talvez nos vivemos na era do manual para um bom escritos, passos para criar uma historia de rápido entendimento. Chega de tanta viagem.
Voltando ao livro, A playlist de Hayden é um livro de leitura fácil, com uma temática seria, que também se assemelha a essa literatura sick lit, pelo que entendi Hayden era um garoto que sofria de depressão “a doença do século”, ou simplesmente vou colocar nessa categoria todos os livros onde os personagens morrem. Huahuahuahuahua
Mesmo sendo uma ideia um tanto batida, colocar uma música para ilustrar cada capítulo funcionou bem para o livro. Também foi legal ouvir canções que eu nunca ouviria, apesar de eu acreditar que a tristeza tem limites. Ok!? Confesso que adoro a música Creep do Radiohead. Dessa playlist a música que considerei uma grata surpresa foi Invisible da Skylar Grey.
Como ainda não sei o final do livro inventei o meu, sou uma pessoa que ama uma teoria da conspiração, vou partir do principio de que Hayden se juntou a um grupo secreto. Um grupo que já estava infiltrado na cidade fazia algum tempo, cujo objetivo é acabar com as injustiças, e que estão monitorando pessoas que fazem bullying, com o fim de acabar com esse tipo de prática e alertar a população sobre o problema. Então eles conhecem em Hayden o soldado perfeito, afinal foram anos sendo atacado pelo irmão e seus amigos, que pertencem ao alto escalão da escola. Assim Hayden é convidado para servir como mártir dentro da causa, suar morte seria o pretexto para que uma revolução iniciasse, para que no futuro todos os que participam desse tipo de prática possam ser eliminados. Tarefa da qual Hayden se sente honrado em participar, assim ele dá cabo da própria vida pra virar história. Sim eu também sei viajar e muito viu?!
Ansiosa pra descobrir o final de A Playlist de Hayden, que chega as livrarias no dia 06 de abril pela editora Novo Conceito.



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ABOUT THE AUTHOR

Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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