Eu e as minhas lições sobre letramento

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Neste semestre uma das matérias que temos na faculdade é Teoria do letramento, devo confessar que toda vez que a professora começa a explicar essa matéria, eu escuto o Louis Armstrong cantando ao meu lado:
I see trees of green, red roses too. I see them bloom for me and you. And I think to myself, what a wonderful world”
Por quê? Gente a professora acredita mesmo nisso. Ela fala com tanto amor que os olhinhos até brilham, gosto de pessoas apaixonadas pelo que fazem, mas acredito também que a professora sofre de síndrome de Forrest Gump. Afinal é impossível você letrar uma pessoa que não está nem um pouco a fim disso.
Mas, o que é letramento? Bem, segundo a nossa amiga Magda Soares:
Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.

E o que isso tem a ver comigo? Com você nada, mas para mim que estudo Letras e não pretendo ser professora é um inferno. Mas, já que preciso estudar isso mesmo que eu não queira, resolvi por em prática o que eu aprendi. Então peguei a minha sobrinha de cobaia, ela tem 6 anos e vive no mundo da Lua, quase que literalmente. O que deixou a minha tarefa mais difícil ainda, ao que me levou a ter certeza de que não quero mesmo ser professora. Affff.
Enquanto eu fazia o meu trabalho sobre letramento, minha sobrinha se aproximou pra conversar, coisa que ela sempre faz quando estou estudando.

- Tia Nina eu assiste aquele filme que você gosta ontem.
- Assistiu? - perguntei desesperada imaginando ela mexendo nas minhas coisas - Qual filme?
- Aquele do menino que come chocolate.
- Ahh! A fantástica fabrica de chocolate. - agora vou aplicar o que acabei de ler no livro. - E o que você mais gostou do filme.
- Tinha aquele menino que ficou grande, sabe?
Menino que ficou grande, espera ai, depois de um tempo.
- O Augustus Gloop? Que foi sugado por um tubo depois cair na cachoeira de chocolate.
- Esse mesmo. Tinha também aquela menina que caiu no buraco.
- E você sabe o porque a menina caiu no buraco?
- Porque ela era ruim.
- E por que ela era ruim?
- Humm! Não sei! Só sei que o esquilo jogou ela lá.
- E por que o esquilo jogou ela lá?
- Hummm.
Ok, vou ajudar essa.
- Lembra que os esquilos separavam as nozes ruins?
- Ahhhh, lembrei! Então eles jogaram a Veruca porque ela era ruim.
- Isso mesmo. E por que ela era ruim?
- Porque que ela gritava com todo mundo. E o homem com a cara azul...
- O Willy Wonka?
- Esse mesmo, o Illy Ronca.
- Willy Wonka.
- Illy Ronca
- Ok deixa pra lá.
- Por que ele é azul tia?
- Por que você acha que ele é azul?
- Por que ele come muito doce?
- E por que ele come muito doce?
- Porque ele gosta.
- Não é isso, pense um pouquinho. - vou ter que ajudar novamente. - O que aconteceu quando ele era criança?
- Ele usava uma mascara na cabeça.
- Essa mascara era um aparelho pra arrumar os dentes.
- Ahhh! O pai dele era dentista né tia?
- Isso. E o pai dele não deixava ele comer doce.
- Ahhh! Por isso o Illy Ronca gosta de comer doce.
- E por que o pai dele não deixava ele comer doces?
- Porque doce estraga os dentes.
- E você sabe o por que ele é azul?
- Ele é azul porque não gosta de crianças.
- Hahahahah. Também, mas ele é azul porque come muito doce, e isso não faz bem.
- Tia se ele não gosta de crianças, por que ele tem uma fábrica de doces?

Bem, aqui eu comecei a pular com a minha pequenininha e fazer a maior festa, estava muito orgulhosa, afinal ela alcançou o objetivo do letramento.
Enfim pessoas letramento é isso, a pessoa se apropria da leitura e da escrita dentro das práticas sociais, e se torna um leitor crítico, trazendo isso para dentro de sua vida. A minha sobrinha conseguiu chegar a conclusão de que o Willy Wonka não deveria ter uma fabrica de doces encantada, se ele não gostava de crianças que eram seus principais clientes. Claro que eu parei por aí, porque a minha sobrinha só tem 6 anos e eu já havia forçado ela o suficiente por um dia.
Quem sabe a minha professora não seja assim tão sonhadora, ela pode não salvar o mundo, mas talvez consiga ajudar alguém, o que já é muito bom.

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ABOUT THE AUTHOR

Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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