Livro Amy & Matthew – Às vezes “eu te amo” é o mais difícil de dizer


Nesse romance “jovem adulto” Cammie McGovern fala sobre os diversos tipos preconceitos, sobre como as pessoas julgam umas as outras, superação, medos e a nossa eterna luta interna ao tentar provar pra mundo o que somos capazes de fazer.
Amy poderia ser como qualquer garota da sua idade, mas ela sofre de uma doença, a hemiplegia, que afetou parte de seu corpo, por isso ela perdeu os movimentos de num dos lados e tem dificuldades para se locomover e falar, por isso ela precisa da ajuda de um computador para se comunicar. Matthew é um rapaz comum, sem grandes sonhos, que sofre de TOC.
Um dia Amy escreve uma redação sobre a sua vida, onde dizia que se sentia uma pessoa feliz mesmo com todas as restrições e dificuldades que enfrentava. Matthew não acredita em nada do que ela disse na redação, após ser confrontado por Amy ele acaba por falar o porquê não concordava com o texto que ela escrevera. Mesmo chateada Amy concordou com o que Matthew disse e percebeu que sua vivia uma mentira. Assim ela resolve mudar sua vida e convida Mat pra ajudá-la durante as aulas.
Vamos pra uma análise mais profunda, se é que eu posso chamar assim, mas acho que fica mais Casos de família. Hahahahaha!
Logo nas primeiras páginas do livro temos trocas de e-mails entre Amy e Mat, aqui Cammie introduz a narração em primeira pessoa, gosto desse tipo de narrativa que consegue explorar as novas tecnologias, pois hoje é impossível separar esse tipo de meio de comunicação das mídias já existentes. Também é uma linguagem bem comum do público jovem. Assim ela vai alternando a narração em terceira pessoas com os e-mails dos personagens em primeira pessoa.
Além disso, este é um dos primeiros livros Young Adult que eu leio e confesso que gostei da narrativa, ela não tenta fazer o leitor de bobo nem encontrar soluções fáceis para os personagens, afinal quem disse que a vida é fácil?
Uma das coisas que mais me chamou a atenção durante toda a narrativa foi maneira insistente da mão de Amy em mostrar o quanto a filha era inteligente. Era algo do tipo “olha a minha filha é deficiente, entretanto mais inteligente que o filho de vocês”. O que me levou a questionar diversas vezes durante a leitura se Amy era mesmo uma pessoa com inteligência acima da media, ou alguém que como só tinha como distração dos livros e os estudos, ela se dedicava tanto a isso que em consequência disso acabava se destacando. Tive um professor de desenho que dizia que esse negócio de Dom é pura balela, que foi inventado pela sociedade para justificar o êxito de alguns e a preguiça de outros, ele nunca negou que o aquilo que chamamos de Dom existe, segundo ele nossa facilidade de fazer algumas tarefas e ser ruins em outras, e facilita as coisas. Entretanto com esforço e empenho qualquer pessoa é capaz de realizar grandes coisas, só vai levar um pouco mais de tempo do que as pessoas que acreditamos ter o Dom. Ou vocês acreditam que o Beethoven nasceu Beethoven e não praticava música exaustivamente durante a vida inteira, até mesmo depois de surdo? Não existe milagre meu povo!


Pois bem, eu acredito piamente nisto. Depois então de ter estudado um pouco de psicologia por causa da licenciatura eu tenho certeza. É o que venho falando sempre que alguém fala “nossa como você desenha bem”. Todos nós somos capazes de alcançar grandes resultados basta empregar o esforço necessário, vai levar mais tempo mais você consegue.
Assim os esforços da mãe de Amy em provar o quanto a filha é incrivelmente acima da média acabaram por afastar sua filha do resto do mundo. Porque se tem uma coisa que adolescente detesta é alguém que se considera a ultima bolacha do pacote. Bem eu detesto até hoje. A mãe de Amy chegou ao absurdo de questionar a influência da doença de Mat sobre o futuro de sua filha, justo ela que deveria ser solidária com o problema do garoto, que deveria entender o que é ser julgado o tempo todo, chega a ser insano. Essa senhora acabou por atrapalhar a vida da filha, como sempre o excesso é um problema em tudo.
Neste livro eles tratam de coisas comuns aos adolescentes como a tentativa de fazer parte de um grupo. Amy tentou comprar amigos ao contratar colegas de turma pra serem os seus acompanhantes durante as aulas, algo bem normal no universo adolescente cada um lida com isso de forma diferente. Uns tentam comprar amigos com roupas, passeios, provando coisas, dentre outras coisas. Contudo é algo corriqueiro no dia a dia de uma escola seja ela publica ou particular. Aliás, como qualquer outro adolescente Amy percebeu com o tempo que não se consegue comprar amigos, mas companhia sim!!!
Gostei do paralelo entre as doenças de Amy e Matthew, visto que ambas impossibilitam a pessoa de Mat causava o mesmo tipo de incomodo, pois ele não conseguiu nem sair de casa por causa da ansiedade que algumas situações lhe causavam. Enquanto Amy pegou o limão dela e fez uma limonada, Mat deixou seu problema determinar o seu futuro.
O desfecho do livro foi apropriado pra história, ele mostra que quando tomamos as rédeas de nossas vidas iremos nos surpreender com os resultados, e que às vezes aquilo que tínhamos como certo não é certo pra gente, pode ser certo pra outras pessoas, mas os nossos caminhos são diferentes. Isso me leva a pensar nesse povo que se forma médico e engenheiro pra ganhar dinheiro (se é que médico ganha dinheiro hoje no Brasil) e se tornam péssimos profissionais.
Só mais uma coisa o titulo do livro em inglês é Say what you Will que eu considero mais apropriado pro que foi tratado no romance, aqui parece que eles focaram em algo que não é o tema principal do livro, mas fazer o que né? O amor é garantia de boas vendas.
Enfim o livro Amy & Matthew – Às vezes “eu te amo” é o mais difícil de dizer da americana Cammie McGovern lançado pela Galera Record, tem uma narrativa simples que eu Super Indico, pois consegui ler em apenas três dias, isso já é um fato histórico na minha trajetória como leitora crítica. 

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ABOUT THE AUTHOR

Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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