Le Petit Prince – e o seu pequeno equívoco


Se você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas, esta aí uma coisa que este filme não precisa se preocupar, pois ele não conseguiu me cativar. Tanto que eu estava até com preguiça de escrever esta resenha tamanha a minha decepção, chegou numa parte do filme que eu comecei a rezar pra ele terminar logo. Também fiquei chateada com o rumo que a história do Pequeno Príncipe tomou, foi um apanhado de equívocos.
Vou comentar sobre o 3D terrível do filme, era tão desnecessário que perto do final do filme eu tirei os óculos 3D e quase não percebi a diferença, já aviso que assistir a esse filme na versão 3D é puro desperdício de grana.
O Pequeno Príncipe tem uma narrativa lenta comum nos filmes europeus, eu deveria ter contado com isso, assim o filme é sem graça e morno, e não lembra em nada as narrativas coloridas e envolventes típicas da Disney Pixar. Teve um momento que acho que eu cochilei sentada na cadeira, pois não me lembro do filme todo. Ou, talvez eu tenha apagado ele da memória, visto que só guardo o que me interessa.
O começo do filme é bonitinho, pois mostra a vida da garotinha que precisa atender as expectativas de vida exageradas da mãe, que até muda de bairro na procura da escola perfeita, bem ao estilo o meu filho vai ter todas as oportunidades que eu não tive e ser mais bem-sucedido do que eu consegui. Quando elas chegam ao bairro novo a garotinha conhece o seu vizinho, um velhinho simpático que lhe conta a história de como conheceu o Pequeno Príncipe, então você tem a breve ilusão de que a narrativa vai se manter assim, só que não.



O filme mostra algumas passagens do livro através de animação stop motion, se foca nas frases mais conhecidas do livro – aqui eles poderiam ter explorado melhor o livro – com isso você tem a sensação de que vai engrenar, daí o filme rola ladeira abaixo, a partir da segunda metade da narrativa as coisas vão ficando confusas e sem sentido, como por exemplo o Pequeno Príncipe se torna adulto. Oi? Tudo isso nos leva a uma moral fraquinha que já foi apresentada logo no início do filme, eles não conseguem mostrar algo novo. Não temos o encantamento esperado.
A garotinha do filme não tem carisma, acredito que faltou trabalhar melhor a personalidade dela através do uso de expressões faciais, coisa que confesso ser um dos meus problemas ao desenhar quadrinhos. Gostei do velhinho que mora na casa ao lado, mas na metade do filme comecei a questionar o sua importância, já que o velhinho não conseguiu demonstrar como conhecer o Pequeno Príncipe havia transformado a sua vida. Afinal, como ele pretendia convencer a garotinha que o plano de vida dela estava impedindo-a de ser criança, e que isso poderia trazer consequências para o seu futuro. Vamos a uma das lições da autoajuda, tenha uma bela história de sucesso para servir como exemplo.
Vamos falar de outra personagem do filme, a mãe da garotinha, com o sua planilha perfeitamente ilustrada com gráficos, e um imenso quadro de vida milimetricamente planejada, deu até medo, ela parecia uma descompassada com aquela mecha de cabelo solta em um coque perfeito. Consegui até senti falta do conselho tutelar para bater na porta dessa mulher e dizer que ela não pode deixar sua filha sozinha num lugar onde ela não conhece ninguém?



Um ponto positivo sobre esse filme foi a discussão acerca do excesso de expectativa dos pais referente ao futuro dos filhos, e a competitividade que nasce por causa disso. Que apesar de ser boa não foi bem aproveitada nesse filme, se tivesse sido não precisaríamos ver cenas como a do Pequeno Príncipe limpando telhados depois de ter se tornado adulto por causa de uma lavagem cerebral. Oi?
Bem o filme O Pequeno Príncipe é uma tentativa mal sucedida de modernizar um clássico da literatura, que não deu muito certo. 

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Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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