Ser artista é compartilhar emoções


No primeiro semestre do ano, mas precisamente no sábado dia 25 de abril, aconteceu aquele terremoto horrível no Nepal. Como eu tenho o costume de me desconectar nos finais de semana, pra tirar o máximo de proveito do meus dias de folga e da vida simples, não fiquei sabendo dessa tragédia natural sofrida pela povo dessa região do planeta.
Então no domingo dia 26, fui ao Sesc Pompéia participar da oficina de modelo vivo, coisa que faço sempre que posso. Então o artista que nos acompanha nas oficinas, e que sempre abre as sessões falando um pouco sobre arte, resolveu usar esse momento para falar sobre a tragédia sofrida pelo povo do Nepal.
Logo ele usou esse acontecimento para falar sobre o oficio do artista, criando uma ponte entre o que fazemos ali aos domingos e a reflexão sobre o homem. Em outras palavras, como se ao sentarmos ao redor de uma pessoa, os mesmo respeito que temos em relação a pessoa que está nua a nossa frente, e até uns pelos outros, afinal estamos sentados um ao lado de outro dividindo o mesmo tempo e espaço, nos deixasse mais humanos. Ou seja, como essas pequenas atitudes são importantes dentro de nossa sociedade, que fica a cada dia mais competitiva. A mesma sociedade onde o homem perde a sua importância com o passar dos anos, pois passamos a viver na sociedade do dinheiro.
Daí que a minha ficha caiu.
Eu estou mergulhando dentro da sociedade do dinheiro, me tornando um ser egoísta que não se importa com os outros. Sobretudo, quando decide que trataria as pessoas do mesma maneira como elas me tratavam, carregando o discurso do só vou tratar bem quem me trata bem, não preciso ser educada com quem não o é comigo. O fato é que, ao fazer isso eu estava abrindo mão da minha empatia (essa palavra eu aprendi no filme Cinderela em Paris), estava abrindo mão da minha humanidade.
Portanto, não conseguia mais me colocar no lugar do outro, sentir e entender a sua dor. Eu estava me tornando justamente o tipo de pessoa que eu tanto desprezo, alguém que age em beneficio próprio, e só.
Mas, por que as palavras que ouvi naquele dia mudaram a minha vida?
Porque eu percebi que também estou perdendo as minhas habilidades artísticas, afinal não estou conseguindo ver a beleza e simplicidade da vida.
Tornei-me o espelho de tudo aquilo que desprezei, assim estou refletindo as mesma atitudes egoístas e competitivas do capitalismo. Bem como deixei de ser diferente para ser mais um ser vazio.
Acontece que preciso tomar o pegar o caminho de volta, e recuperar o encantamento, pra novamente ser capaz de ver beleza nas coisas simples do cotidiano, e reproduzir essa mesma beleza da vida. Por isso, sou e quero continuar sendo um artista.
Pessoas más existem e vão continuar existindo aos milhares, tragédias como as do Nepal também. Afinal, qual é a vantagem em ser igual a elas e abrir mão do que a vida tem de melhor, a esperança?

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ABOUT THE AUTHOR

Sou a Ninfa que trançou as barbas de São Pedro, amarrou os cadarços das botas de Papel Noel, a garota travessa que escondeu o Tridente de Poseidon, e cansada foi dormir sob uma cerejeira ao lado da lebre, que foi deixada pra trás pela tartaruga que andava, depois de um dia criativo.

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